Sou bonita? E mais obsessões sobre corpo e seguir tendências
Leituras recomendadas 9/24
<publicidade>
SEGUINDO TENDÊNCIA SIM, SENDO SUSTENTÁVEL TAMBÉM!
Se tem uma coisa que eu aprendi nos últimos anos é que a gente muda, né? Especialmente nossas vontades. E, se a gente muda, não tem como nosso estilo não mudar também. Por isso, hoje em dia eu questiono bastante essa ideia de moda atemporal e acho que faz mais sentido a gente ir se permitindo experimentar estilos, tendências e coisas diferentes sempre que der vontade de comunicar algo diferente pelas roupas. Bom, mas como fazer isso de forma mais responsável? É o que tô falando no meu texto do mês lá no blog da Renner, essa marca que amo e que tem simplesmente 8 em cada 10 peças sendo mais sustentáveis!!! Clica aqui pra ler, por favor, porque os looks também ó, tão lindinhos demais (eu que escolhi ok?!).
</publicidade>
MEU CORPO SOU EU OU EU SOU MEU CORPO?
Ando obcecada com a ideia de se sou bonita ou não. Ou quais são os símbolos da beleza que a gente compra. Ou como eu acho pessoas diversas que não tem esses símbolos bonitas. E outras piras que meu cérebro é capaz de produzir. Penso muito nisso num lugar de o que é natural versus o que é construído no nosso corpo. E também nessa obsessão atual por modificações corporais que a gente acaba tendo de tanto se olhar na câmera do celular. Como eu sou uma pessoa que faz análise, eu fico puxando o fio pra encontrar o novelo de onde tá saindo esse fio e linkando com tudo que eu consumo, mas desde já digo que não tenho conclusão e também que não tô enfiada em nenhum culto ao corpo, fiquem tranquilas.
Desde que eu ouvi um podcast que a escritora (e minha amiga de tuiter) Stephanie Borges analisa Frankenstein como uma obra de terror feita por uma mulher, onde o horror é o próprio corpo e a corporeidade, penso tanto tanto tanto nisso. E aí que amei esse vídeo do Ora Thiago (que faz vídeos impecáveis, cada um é um documentário!!) que ele analisa um pouco das discussões e questões que esse livro, tão antigo, traz. E como só poderia ter sido uma autora mulher pra pensar em certas questões (dado tooooodo distanciamento de tempo etc). Beleza, a gente conhece assim por cima a história do livro mas no geral conhece a história adaptada pro cinema, não leu o livro (que recomendo bastante) e talvez nem soubesse que é um livro escrito por mulher porque isso meio que a galera… deixou batido risos.
Ainda sobre obsessão com corpo, tô pensando demais no filme “A Substância”, que tá no cinema e também discute corpo, dismorfia corporal, a busca pela juventude eterna y otras cositas más. É um filme com uma fotografia e montagem muito interessantes, enquadros muito fora do comum, cenas muito gráficas e incômodas, não à toa é terror.
Meu passeio favorito dos últimos tempos tem sido ir no cinema sozinha, passar comprar uma comida de fast food e comer enquanto vejo algo sentada bem confortável no escurinho, sem chance de mexer no celular. Comecei a fazer isso no final do ano passado, acho, um dia que precisava sair de casa antes que eu entrasse em combustão de estresse e lembrei que 1) sou adulta 2) sou independente 3) amo cinema e posso ir (quase) sempre que eu quiser. Dizendo isso pra caso inspire alguém a fazer esse momento sozinha, é bom demais.
Outra coisa importante é que eu quase nunca sei sobre o que é o filme, eu mal leio a sinopse e jamais vejo trailers. Gosto de ir meio no escuro mesmo. Só descobri que A substância era terror quando fui comprar o ingresso, por exemplo. Acho que é um terror no mesmo gênero de Cisne Negro, uma coisa autoterror (?).
Achei que não tinha gostado muito do filme, mas cá estou ainda pensando nele e também escrevendo sobre ele pra vocês. Acho um filme interessante mas também um pouco óbvio, não sei, tenho me incomodado com algumas obras recentes que parecem que não trazem nuance. Bom, a proposta ali não parece trazer muita nuance, o trabalho é em cima da obviedade, mas não é bem o tipo de obra que eu gosto. Eu gosto de preencher lacunas. Mas também, essa é só a minha opinião, arte a gente sente sempre individualmente, não se baseiem nisso.
Em continuação, esse vídeo do Thiago sobre olhar das pessoas e male gaze também acaba discutindo um pouco corpo, especialmente dos Outros (todos aqueles que não são homens). Recomendo muito botar na tv e assistir como se fosse um doc.
Por que também ando obcecada nisso tudo? Porque, pensando em consumo e nas trends que comentei nas últimas newsletters (project pan, underconsuption), é muito claro como elas focam muito em produtos de beleza. Tenho visto muita gente postar sobre e quase quase quaaaaase sempre é sobre maquiagem, um artifício que a gente usa pra se sentir mais bonita, pra modificar nosso corpo. Né? Tem bastante coisa aí.
Mas, pra linkar com o primeiro texto que eu mesma escrevi, queria lembrar que somos seres feitos de imagem e que isso nos importa muitíssimo porque essa construção imagética também é cultura. Os signos que carregamos em roupas, acessórios e outras escolhas de estilo comunicam MUITO pras outras pessoas quem somos, o que acreditamos, como pensamos, quem queremos ser. Não tem como fugir disso, mas tem como pensar isso.
Então tá, era isso por hoje.
Beijos,
Cristal Muniz.
Ainda verei substância e sua observação sobre tudo ser explicado demais me pega: as lacunas são essenciais pra uma obra de arte! Tbm penso que essa ocupação mental do ' sou bonita?' é muito cruel porque a gente não simplemente escolhe não pensar Ou pensar sobre. É mandatorio e ocupa tanto da nossa cabeça, energia e tempo né? Queria não pensar tanto nisso.
adoro ir ao cinema sozinho: desconectar de tudo e todos por umas horinhas é libertador. melhor ainda quando o filme é bom!