Leituras recomendadas #13
Comida boa ou comida ruim?, comida de Cuba, como ser feliz de acordo com crianças e pobreza como trauma.
1. Tô em Barcelona, mas quando você tiver lendo isso, não estarei mais. Achei impressionante como tudo o que comi nesse país estava maravilhoso, bem feito, com capricho e muito sabor. Fiquei pensando sobre isso, porque meu assunto favorito da vida é comida e sempre fico triste quando quero apenas um café com bolinho e nenhum dos dois é bom, sendo que é fácil fazer com que sejam.
O Brasil tá sendo sufocado pelo agronegócio em diversos lugares (política, meio ambiente, impactos em todos os lugares) e a comida final, do nosso prato, é um deles com diversos ultraprocessados que estragam um bolo simples de padaria porque ele passa a ser feito com uma mistura pronta – pra baratear o processo, pra usar menos mão de obra, porque é mais fácil de fazê-lo. Explico melhor: é difícil achar padarias, de supermercados ou não, que façam bolos com os ingredientes separados (farinha, ovos, leite, nem tô pensando numa versão vegana aqui) porque pra baratear o processo, esses lugares compram aquelas misturas prontas pra bolo, sabe? Não é chute, outro dia na aula sobre unidades de alimentação uma das professoras comentou isso.
Tava aqui, lendo a última edição da Fogo Baixo que minha amiga Flávia escreve, e não pude deixar de lembrar desse assunto. Um trechinho:
“Queijos de leite cru, embutidos artesanais e ovos de pequenas granjas fazem parte de experiências gastronômicas às quais poucos turistas têm acesso. Do Brasil rural, só os abonados do agronegócio conseguem pagar.”
Na reportagem, a Flávia discute como é difícil regularizar a produção artesanal de produtos como queijos, por causa de uma bagunça burocrática que parece o resumo de um livro do Kafka (sempre acho que tô no livro O Processo quando leio esse tipo de enredo labiríntico). Ao invés de facilitar o processo dos pequenos, criando leis que sejam possíveis de seguir, o Estado pensa apenas nos grandes produtores.
Isso é o mesmíssimo que acontece com os pequenos produtores de cosméticos artesanais: as regras, generalistas, só fazem sentido pra quem produz MUITO e não faz sentido pros fazeres artesanais. É importante ter regra, em especial quando a gente fala de contaminação, eu tive e tô tendo aulas sobre vigilância sanitária, mas a questão é que quando mudamos a escala, as normas poderiam ser diferentes para garantir o mesmo nível de segurança.
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