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QUEM FAZ MINHAS ROUPAS?
Já tem alguns anos que a discussão sobre quem faz nossas roupas e a valorização das pessoas da cadeia da moda estão acontecendo, mas é o tipo de pergunta que a gente precisa continuar fazendo. Eu tô respondendo essa pergunta sobre quem faz as roupas da Renner, na minha coluna desse mês lá no blog deles. Trouxe alguns dados dos >muitos< que mostram como a Renner é uma marca muito séria e comprometida em estabelecer critérios altos pros seus parceiros em diversos aspectos, em especial os socioambientais. Porque sustentabilidade não se faz sem pensar nas pessoas. :) Clica aqui pra ler e saber mais.
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UNDERCONSUMPTION CORE
A nova trend do tiktok há algumas semanas é o “underconsumption core”, uma tag que fala em oposição ao “overconsumption” (que, traduzindo, seria algo como consumo excessivo). São vários vídeos de pessoas mostrando itens que são velhos, às vezes estão meio acabadinhos, mas seguem funcionando, como: leggings de vários anos, celulares, xícaras lascadas, etc; itens que foram comprados de segunda mão como móveis ou roupas; todos os produtos de maquiagem ou skincare que cabem em uma mão e assim por diante. Tem também alguns vídeos de pessoas mostrando que tem uma coisa só, como uma só garrafa de água e só um óculos escuro.
Essa trend surge muito para combater a cultura dos influencers mostrando hauls de produtos novos, unboxing de tralhas, coleções de coisas que eram pra ser usadas muitas vezes justamente pra substituir o excesso como os copos stanley e assim por diante. Algumas reportagens (The Guardian, The New York Times) apontam que o crescimento dessa e outras trends como o “de-influencing” (onde as pessoas deinfluenciavam a comprar itens que haviam viralizados) ou os desafios de “no-buy” (onde as pessoas ficam períodos de tempo sem comprar) também tem a ver com uma grande crise financeira que está acontecendo, com inflação super alta nos EUA principalmente.
Vi esses dois vídeos esses dias que dão uma analisada no conteúdo dentro da hashtag #underconsumption pra entender do que a trend fala e questões sobre. Achei bem interessante como elas trazem uma pergunta que tem sido muito bem feita: usar os produtos até o final e só depois repor, consertar coisas que estragam e etc não é o normal? Desde quando isso é um consumo MENOR que o normal?
PROJECT PAN
Antes do underconsumption core eu já tava de olho em outra trend, o “project pan”. Inclusive dei uma entrevista pro Valor sobre essa tag que também tem a ver com repensar nossa forma de consumir. “Project pan” tem a ver com usar os produtos até o fim também, sabe quando você usa a maquiagem até o ponto que o metal aparece no fundo? Isso que significa esse “pan”. O que a maioria das pessoas tem feito é selecionar produtos pra usar durante um mês ou até acabar, na tentativa de parar de ter duplicados para mesma função abertos e nunca conseguir acabar nenhum.
Tenho visto alguns vídeos interessantes de pessoas indo olhar seus produtos e se dando conta que possuem estoques que durariam meses e talvez anos – o que significa também que a validade desses produtos não vai estar em dia até lá e isso vai gerar desperdício. E também de pessoas que saíram dizendo que não aguentam mais e querem consumir menos.
O FIM DA ROMANTIZAÇÃO DO CONSUMO?
Enquanto selecionava os conteúdos pra indicar aqui pra vocês no que eu diria numa análise minha que acho que esse movimento tem tudo a ver com um rebote pós-pandemia de excesso de consumo, a WGSN lançou um report de análise de tendência dizendo a mesma coisa.
O que pensei na minha análise é que os movimentos lixo zero e minimalismo tiveram um boom muito grande há cerca de 10 anos também nessa lógica de ser contra esse excesso de consumo que nos ronda todo dia (obrigada, capitalismo), mas tiveram um rompimento MUITO grande com a pandemia.
Faz todo sentido – inclusive pra essa mulher que vos fala – que num momento que o risco de morte era grande, que a gente tenha sido obrigado a ficar reprimido por ANOS, a gente saísse querendo apenas se divertir.
Muito rápido, inclusive, o capitalismo deu um shift no discurso de que ele é o próprio algoz do fim do mundo pro niilismo “se o problema é o capitalismo, posso continuar com minhas práticas individuais que não fazem cócega no impacto dos grandes poluidores”. Daí é só continuar consumindo!!!! Veja que solução fácil!!!!! *arrancando os próprios cabelos*

Bom, enfim, seguimos lendo & analisando & pensando. Tenho mais coisas pra falar mas por hoje, é isso.
Bom fim de semana!
Cristal.
tento me policiar sempre para consumir de forma consciente. sempre penso muito bem antes de fazer uma nova compra: se realmente estou precisando, se vai ter um uso contínuo ou esporádico, se vou consumir até o final. em alguns casos, acabo até comprando um produto de um tamanho menor (ainda que seja proporcionalmente mais caro) porque a validade não é tão longa. e, quando o assunto é roupa, sempre tento doar as que não pretendo usar mais, em vez de jogar fora. e aposto em itens que favorecem uma gama maior de combinações, como camisetas mais básicas lisas, que vão bem com praticamente qualquer calça, bermuda ou short. às vezes, é difícil resistir a uma compra, seja porque o objeto é muito legal ou o preço está muito convidativo, mas a gente precisa ter consciência do que está comprando.